Houve um poema,
entre a alma e o universo.
Não há mais.
Bebeu-o a noite, com seus
lábios silenciosos.
Com seus olhos estrelados de
muitos sonhos.
Houve um poema:
Parecia perfeito.
Cada palavra em seu lugar,
como as pétalas nas flores
e as tintas no arco-íris.
No centro, mensagem doce
E intransmitida jamais.
Houve um poema:
e era em mim que surgia,
vagaroso.
Já não me lembro, e ainda me
lembro.
As névoas da madrugada
envolvem sua memória.
É uma ténue cinza.
O coral do horizonte é um
rastro de sua cor.
Derradeiro passo.
Houve um poema.
Há esta saudade.
Esta lágrima e este orvalho
- simultâneos -
que caem dos olhos e do céu.
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