Eu, dar flor, já não dou.
Mas vós, ó flores,
pois que maio chegou,
Revesti-o de clâmides de
cores!
Que eu, dar flor, já não
dou.
Eu, cantar já não canto. Mas
vós, aves,
Acordai desse azul,calado há
tanto,
As infinitas naves!
Que eu, cantar, já não
canto.
Eu, invernos e outonos
recalcados
Regelaram meu ser neste
arrepio...
Aquece tu, ó sol, jardins e
prados!
Que eu, é de mim o frio.
Eu, Maio, já não tenho. Mas
tu, Maio,
Vem, com tua paixão,
Prostrar a terra em cálido
desmaio!
Que eu, ter Maio, já não.
Que eu, dar flor, já não
dou; cantar,não canto;
Ter sol, não tenho; e
amar...
Mas, se não amo,
Como é que, Maio em flor, te
chamo tanto,
E não por mim assim te
chamo?
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