18/01/2018

A uma Violeta - Poema de Belmira de Andrade





Meiga flor! Tu, que és tão pura,
De aromas tão perfumada,
    Tão mimosa!...
Porque ocultas na espessura
Tua face aveludada,
     Vergonhosa?!...
Receias que a rosa altiva
Te mire com o frio olhar
     De ironia?
Temes que sua cor viva,
Suas galas a ostentar
     De ti ria?
Oh! não fujas de mostrar-te
A par da mais linda flor
    Flor dilecta!
Não pôde a rosa igualar-te
Na modéstia e no candor,
    Não, violeta!
Que importa que a linda rosa
Tenha um trono alevantado
     Entre as flores?!...
Ai, que importa se a maldosa
D'espinhos tem circundado
    Seus primores!...
E tu, símbolo da candura,
Minha flor de inspiração,
    Meu amor!
Quem teus encantos procura
Há-de acha-los sem traição,
    Roxa flor!...
Violeta, flor mimosa,
Nunca teu colo se dobre
    Ao temporal!...
Nunca tua haste viçosa
Emurchecida sossobre
    Ao vendaval!
Beijem-te as auras suaves,
Teu casto seio afagando
    Delirantes!
Festejem-te lindas aves
Seus gorjeios modulando
    Incessantes!


Belmira de Andrade

1 comentário:

  1. Bela e linda homenagem às violetas
    Também as adoro.
    Bjs
    Luisa

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