20/01/2018

Serenata para Verlaine - Poema de Cecília Meireles




Trago-te o luar e as folhas secas
e os violinos do outono
e as mãos azuis das águas frescas
às varandas do sono.


Trago-te as estatuas e a dança
das mascaras antigas
e os fluidos pés e a voz escassa
das amadas amigas.


Trago-te a estrela, a rosa, o cisne 
e a etérea balaustrada
em que brandamente se incline
tua alma deslembrada.


Trago-te parques de tão longe 
com rouxinóis nos ramos.
Lerás nos troncos: “Até Hoje,
ó Verlaine, te amamos”.


Trago-te a flor contra o pecado
e  contra o sofrimento.
Com seus perfumes te engrinaldo,
entre fitas de vento. 



Cecília Meireles

Sem comentários:

Enviar um comentário

Topo