Deixai passar pela margem da
tarde
a velha florista
que levanta nos braços o fim
das flores:
- imenso chapéu de ramos
amontoados.
Vede os tristes cravos
desfeitos,
e o lábio oscilante da
ultima pétala de rosa.
Os lírios quase líquidos,
moles e túmidos,
prolongam densas lágrimas.
Deixai passar com o fim das
flores,
com o fim da vida,
a velha florista,
de saia verde, de xale roxo,
de meias grossas,
toda coberta de flores
murchas,
de espesso pólen, de mortos
espinhos
- canteiro deslizante,
a velha florista,
a escorregar para o ocaso,
lenta e sozinha,
sob os alamos amarelos,
ao longo de muros tão
antigos,
como depois de uma grande
festa,
de um culto de outrora.
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