17/01/2018

A Alma das Árvores - Poema de António Correia de Oliveira





Eis-nos mortas, de rastos, pelo chão!
E fomos belas, altas e frondosas;
E demos doces frutas saborosas
Que mataram a sede e foram pão.


Em nós, cheias de enlevo e mansidão,
Fizeram ninho as aves amorosas;
Pelas sestas de Julho, a arder, piedosas,
Fomos a sombra e a voz da solidão.


Fomos o berço do homem e o seu lume;
Demos-lhe bênção, cantos e perfume;
Caixão, em nós descansa até final.


Demos a vida a quem nos tira a vida:
Mas só nos doi a ingratidão sofrida
De um mal inútil, feito só por mal!


António Correia de Oliveira






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