20/03/2018

Erros meus, má Fortuna, Amor ardente




Erros meus, má Fortuna, Amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a Fortuna sobejaram,
Que para mim bastava Amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que já as frequências suas me ensinaram
A desejos deixar de ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa a que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.

De Amor não vi senão breves enganos.
Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!


Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"



3 comentários:

  1. Ola Maria, que bela partilha deste soneto, que não conhecia.
    Camões tinha a arte de externar sentimentos vários, aqui a angustia
    de amar e se perder.
    Grato sempre amiga.
    Bjs de paz

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  2. Bonita entrada,,,un saludo desde Murcia....

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  3. Muito belo este soneto do grande Camões.
    Feliz dia da poesia
    Bjs

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