06/02/2021

O fardo da Solidão




Há dias em que sentimos com mais intensidade o fardo da solidão.
À medida que nos elevamos, monte acima, no desempenho do próprio dever, experimentamos a solidão dos cimos e uma profunda tristeza nos dilacera a alma sensível.
Onde se encontram os que sorriam connosco no parque primaveril da primeira mocidade?
Onde pousam os corações que nos buscavam no aconchego das horas de fantasia?
Onde se acolhem aqueles com quem partilhávamos o pão e o sonho, nas aventuras felizes do início?


Por certo, ficaram...
Ficaram no vale, voando em círculo estreito, à maneira das borboletas douradas, que se esfacelam ao primeiro contacto da menor chama de luz que se lhes descortine à frente.
Em torno de nós, a claridade, mas também o silêncio...
Dentro de nós, a felicidade de saber, mas igualmente a dor de não sermos compreendidos...
Nossa voz grita sem eco e o nosso anseio se alonga em vão.
Entretanto, se realmente subimos, que ouvidos nos poderiam escutar a grande distância e que coração faminto de calor do vale se abalançaria a entender, de pronto, os nossos ideais de altura?
Choramos, indagamos e sofremos... 
Contudo, que espécie de renascimento não será doloroso?
A ave, para libertar-se, destrói o berço da casca em que se formou, e a semente, para produzir, sofre a dilaceração na cova desconhecida.
A solidão com o serviço aos semelhantes gera a grandeza.
A rocha que sustenta a planície costuma viver isolada e o sol que alimenta o mundo inteiro brilha sozinho.



Não nos cansemos de aprender a ciência da elevação.
Lembremo-nos do Senhor Jesus que escalou o Calvário, com a cruz aos ombros feridos. Ninguém O seguiu na morte afrontosa, à excepção de dois malfeitores, constrangidos à punição, em obediência à justiça.
Não relacionemos os bens que, porventura, já houvermos espalhado.
Confiemos no infinito bem que nos aguarda.
Não esperemos pelos outros, na marcha de sacrifício e engrandecimento.
E não nos esqueçamos que, pelo ministério da redenção que exerceu para todas as criaturas, o Divino Amigo da Humanidade não somente viveu, lutou e sofreu sozinho, mas também foi perseguido e crucificado.
O sacrifício na cruz é a mais bela lição de resignação que o Mestre nos legou.
Sem nenhuma imposição conclamou-nos: Quem quiser vir após Mim, tome a sua cruz, negue a si mesmo e siga-Me.
O que equivale a dizer que tomemos a cruz dos nossos sofrimentos com abnegação, e escalemos a montanha da ascensão espiritual, confiantes Naquele que nos fez o convite.
E, embora com os pés sangrando, ao chegarmos no topo do monte, depararemos com a planície florida e a estrada iluminada que nos conduzirá ao Mestre.
Recordemo-Lo portanto, e sigamo-Lo... 




Texto do SITE: Momento de Reflexão
Imagens: Pessoais


4 comentários:

  1. Simplesmente belo de ler e fazer uma bela reflexão!:)
    -
    Envolvo-me no silencio das flores
    -
    Beijos e um excelente fim de semana! :)

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  2. Olá Maria
    Um bonito texto.
    O peso da solidão, quem é só ou se sente só, nem sempre é fácil a carregar...
    "Em torno de nós, a claridade, mas também o silêncio...
    Dentro de nós, a felicidade de saber, mas igualmente a dor de não sermos compreendidos..."
    Boa semana
    Beijos

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  3. Tomar la Cruz bendecida y seguir adelante...el que comprende aquello no sabe de soledades , miedos ,frustraciones y un largo sentir de las sombras y del abandono donde nos tira el lado oscuro del pecado sin dudas...pero conociendo le real mensaje del Señor tendremos sobretodo fundamentos para sustentar nuestro propio peregrinar.

    Te dejo un abrazo.

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  4. Embora com os pés sangrando, ao chegarmos no topo do monte, depararemos com a planície florida...

    Olá, querida amiga Maria!
    Um texto muito verdadeiro. Podemos sangrar na caminhada, mas terenos um piso florido onde pisar,um dia...
    Esteja bem, amiga!
    Beijinhos

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