28/01/2023

Pobrezinha - Florbela Espanca




Nas nossas duas sinas tão contrárias
Um pelo outro somos ignorados:
Sou filha de regiões imaginárias,
Tu pisas mundos firmes já pisados.

Trago no olhar visões extraordinárias
De coisas que abracei de olhos fechados...
Em mim não trago nada, como os párias...
Só tenho os astros, como os deserdados...

E das tuas riquezas e de ti
Nada me deste e eu nada recebi,
Nem o beijo que passa e que consola.

E o meu corpo, minh'alma e coração
Tudo em risos poisei na tua mão!...
...Ah, como é bom um pobre dar esmola!...


Florbela Espanca
In ‘Reliquiae’





4 comentários:

  1. Adoro ler Florbela Espanca. Sempre uma inspiração maravilhosa
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    Sábado feliz … Saudações poéticas
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  2. Bom dia de sábado, querida amiga Maria!
    A pobreza da falta de amor é relevante. Faz muita falta o nobre sentimento. De migalhas, não sobrevivemos.
    Tenha um final de semana abençoado!
    Beijinhos com carinho de gratidão e estima

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  3. Olá Maria.
    Creio que no caso dela, deve suavizar a alma.
    Bom final de semana.
    Beijo!

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  4. Adoro esta Poetisa! Obrigada pela partilha!! :)
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    Nesta timidez onde me encontro...
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    Beijos
    Bom Domingo!

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