23/01/2024

A Palavra - Eduardo White





A palavra renova-se no poema.
Ganha cor,
ganha corpo,
ganha mensagem.

A palavra no poema não é estática,
pois, inteira e nua se assume
no perfeito,
no perpétuo movimento
da incógnita que a adoça.

A palavra madura é espetáculo.
Canta.
Vive.
E respira. Para tudo isso
basta
uma mão inteligente que a trabalhe,
lhe dê a dimensão do necessário
e do sentido
e lhe amaine sobre o dorso
o animal que nela dorme destemido.
A palavra é ave
migratória,
é cabo de enxada,
é fuzil, é torno de operário,
a palavra é ferida que sangra,
é navalha que mata,
é sonho que se dissipa,
visão de vidente.

A palavra é assim tantas vezes
dia claro
sinal de paisagem
e por isso é que à palavra se dá,
inteiramente,
um bom poeta
com os seus sonhos,
com os seus fantasmas,
com os seus medos
e as suas coragens,
porque é na palavra que muitas vezes está,
perdido ou escondido,
o outro homem que no poeta reside.


Eduardo White



4 comentários:

  1. Bom dia Maria. Poema muito interessante, palavras incríveis, original. Obrigado e cumprimentos.

    ResponderEliminar
  2. Bom dia de Paz, querida amiga Maria!
    Um poema belíssimo onde o poeta sabe ben do que fala.
    Gostei muito.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos com carinho

    ResponderEliminar
  3. Uma belíssima partilha!!
    .
    Estamos no caminho certo...
    Beijos e uma excelente semana! Boa noite.

    ResponderEliminar
  4. Querida Maria,
    A palavra é tão importante e com tantas conotações, podem ser amáveis, duras, podem ser em belas canções e poemas ou ríspidas quando se deseja machucar. Que os poetas usem sempre a palavra como instrumento de sonhos e para amenizar qualquer dor.
    Aproveito para deixar um link de um poema meu sobre esse mesmo tema e adoraria que a amiga lesse e deixasse um comentário. Tem postagem nova no blog também.
    Um beijo!

    https://rebeldiacomsutileza.blogspot.com/2016/09/palavras_12.html

    ResponderEliminar

Topo