25/11/2018

Soneto de mal amar





Invento-te    recordo-te   distorço
a tua imagem mal e bem amada
sou apenas a forja em que me forço
a fazer das palavras tudo ou nada.

A palavra desejo incendiada
lambendo a trave mestra do teu corpo
a palavra ciúme atormentada
a provar-me que ainda não estou morto.

E as coisas que eu não disse? Que não digo:
Meu terraço de ausência    meu castigo
meu pântano de rosas afogadas.

Por ti me reconheço e contradigo
chão das palavras mágoa joio e trigo
apenas por ternura levedadas.


Ary dos Santos, in 'O Sangue das Palavras'



11 comentários:

  1. Uma excelente escolha!! Amei!

    Beijos. Boa noite!

    ResponderEliminar
  2. Desconhecia mas proporciona um bom momento de leitura!!! Bj

    ResponderEliminar
  3. OI MARIA!
    PERFEITA ESCOLHA AMIGA.
    ABRÇS
    https://zilanicelia.blogspot.com/

    ResponderEliminar
  4. Hi Maria.

    Nice words with a nice picture.

    Groettie from Patricia.

    ResponderEliminar
  5. Bela foto e poema.
    Melhores cumprimentos, Irma

    ResponderEliminar
  6. Oi Maria,
    O Soneto é lindíssimo. Não conhecia o poeta.
    Beijos

    ResponderEliminar
  7. Beautiful picture, wisdom for a poem.

    ResponderEliminar
  8. Não sou exatamente admirador de sonetos, costumo preferir o verso livre, mas esse é bastante bonito. Um abraço, Maria.

    ResponderEliminar
  9. Entre o amor e o desejo. Muito bonito.

    ResponderEliminar
  10. white swan with stunning background.
    have a great weekend

    ResponderEliminar

Topo