21/05/2022

Garras dos Sentidos - Poema de Agustina Bessa-Luís




Não quero cantar amores,
Amores são passos perdidos,
São frios raios solares,
Verdes garras dos sentidos.

São cavalos corredores
Com asas de ferro e chumbo,
Caídos nas águas fundas,
não quero cantar amores.

Paraísos proibidos,
Contentamentos injustos,
Feliz adversidade,
Amores são passos perdidos.

São demências dos olhares,
Alegre festa de pranto,
São furor obediente,
São frios raios solares.

Dá má sorte defendidos
Os homens de bom juízo
Têm nas mãos prodigiosas
Verdes garras dos sentidos.

Não quero cantar amores
Nem falar dos seus motivos.


Agustina Bessa-Luís


6 comentários:

  1. Querida Maria,
    Que lindo poema, os amores são sentimentos que ficaram no passado e nem sempre temos uma boa lembrança deles! Mas tudo é necessário para nos fortalecer e aprendermos com as nossas experiências.
    Um beijo!

    ResponderEliminar
  2. Não cantar as desilusões.
    Um poema forte e dorido das emoções vividas num amor incompreendido.
    Bela partilha .
    Beijo e ´paz.

    ResponderEliminar
  3. Augustina, uma mulher pouco compreendida na sua obra e jeito de ser.
    Este Garras bem pode ser um dos que melhor a retrata.
    Só a vi uma vez, por mero acaso, e fiquei surpreendida,pela sua figura.
    Tinha na ideia que fosse uma mulher de grande porte e não era assim.
    Pequenina mas com uma presença que na altura pensei roçar a arrogância, ou então a defesa.
    Gostei de ver ela aqui.
    Uma excelente partilha, lá sabia ela das suas razões para não querer cantar amores, nem falar dos seus motivos.
    Brisas doces **

    ResponderEliminar
  4. Muy bonito poema con hermosas metáforas, María. Gracias por compartirlo. Un abrazo.

    ResponderEliminar
  5. Gostei de ler o poema da brilhante prosadora...
    Faz lembrar os Poemas Possíveis...
    Beijos
    ~~~

    ResponderEliminar

Topo