30/08/2025

Flor de Esteva - Maria de Santa Isabel





Venho encontrá-la já quase a morrer,
A minha pobre "esteva do montado",
Que, antes, eu vira alegre, florescer,
Junto à "linda" riscado pelo arado!

Levei ao Casalinho de Bel Vêr
A rainha do grande descampado;
Mas ela não quis mais ali viver,
Sem "maios" e "roselas" ao seu lado

Falta-lhe o ardor do sol alentejano,
Aquela sombra amiga dos sombreiros...
Já não teve as "geadas" deste ano.

E morre de saudade e nostalgia,
Sem ter o barro e a cal por companheiros ,
Queimada pelo ar da maresia.


Maria de Santa Isabel
Maria Palmira Osório de Castro Sande Meneses e Vasconcellos Alcaide
In Flor de Esteva




24/08/2025

Celebrando o 16º Aniversário do Blog da amiga Rosélia 'Espiritual-Idade'




Participando com muito prazer na comemoração dos 16 anos, do poético e maravilhoso blog "Espiritual-Idade" da amiga Rosélia. O Tema proposto foi: "Máscaras Sociais", escolhendo a imagem 5.




Máscaras sociais: o que escondemos e o que revelamos


Vivemos num mundo onde as máscaras sociais são quase inevitáveis. Usamo-las para corresponder a expectativas, para proteger fragilidades, para nos adaptar a ambientes diferentes. Às vezes, a máscara é um sorriso forçado, um silêncio pesado, uma atitude que não traduz o que realmente sentimos.

Mas por detrás de cada máscara há sempre uma verdade. Há medos, inseguranças, sonhos calados, mas também uma essência que insiste em permanecer intacta. O perigo está em nos habituarmos tanto à máscara que acabamos por acreditar que ela é quem somos.

Ser verdadeiro, com ou sem máscara, é um ato de coragem. É permitir que os outros vejam não apenas a versão polida de nós mesmos, mas também as imperfeições que nos tornam humanos. É aceitar que a vulnerabilidade não nos diminui, pelo contrário, aproxima-nos uns dos outros.

As máscaras podem proteger, mas nunca devem substituir a autenticidade. Quando ousamos tirá-las, descobrimos que a beleza maior está em sermos inteiros, transparentes e livres. Porque a vida ganha mais sentido quando deixamos de representar e passamos a viver de verdade.





Querida amiga, Muitos Parabéns 🌺 🎈 🎁🎉 por mais este aniversário, que consigamos comemorar muitos e muitos mais anos, com alegria, companheirismo e amizade.




23/08/2025

Chuva Fina - Cecília Meireles





Chuva fina,
matutina,
manselinho orvalho quase:
névoa tênue sobre a selva,
pela relva,
desdobrada, etérea gaze.

Chuva fina,
matutina,
o pardal de húmidas penas,
a folhagem e a formosa
clara rosa,
sonham que és seu sonho, apenas.

Chuva fina,
matutina,
pelo sol evaporada,
como sonho pressentida
e esquecida
no clarão da madrugada.

Chuva fina,
matutina:
brilham flores, brilham asas
brilham as telhas das casas
em tuas águas velidas
e em teu silêncio brunidas...

Chuva fina,
matutina,
que te foste a outras paragens.
Invisível peregrina,
clara operária divina,
entre límpidas viagens.


Cecília Meireles
In Metal Rosicler




19/08/2025

As quatro canções que seguem - Fernando Pessoa





As quatro canções que seguem
Separam-se de tudo o que eu penso,
Mentem a tudo o que eu sinto,
São do contrário do que eu sou ...

Escrevi-as estando doente
E por isso elas são naturais
E concordam com aquilo que sinto,
Concordam com aquilo com que não concordam ...
Estando doente devo pensar o contrário
Do que penso quando estou são.
(Senão não estaria doente),
Devo sentir o contrário do que sinto
Quando sou eu na saúde,
Devo mentir à minha natureza
De criatura que sente de certa maneira ...
Devo ser todo doente — ideias e tudo.
Quando estou doente, não estou doente para outra coisa.

Por isso essas canções que me renegam
Não são capazes de me renegar
E são a paisagem da minha alma de noite,
A mesma ao contrário ...


Alberto Caeiro
(Heterónimo de Fernando Pessoa)
in o Guardador de Rebanhos



16/08/2025

Poema Azul - Sophia de Mello Breyner





O mar beijando a areia
O céu e a lua cheia
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu
E a lua cheia
Que prateia os cabelos do meu bem
Que olha o mar beijando a areia
E uma estrelinha solta no céu
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu e a lua cheia
um beijo meu


Sophia de Mello Breyner




09/08/2025

Hora pálida e branca - Anrique Paço D'Arcos





Hora pálida e branca, hora em que o dia
A pouco e pouco sai da sombra triste;
Hora em que o sol de longe principia
A inundar de luz tudo o que existe;

Hora branca do doce madrugar,
Hora em que a luz também toma essa cor,
Hora em que tudo acorda e a cantar
Também acorda em mim a minha dor;

Hora branca do doce alvorecer,
Hora da cor do sol que vai nascer
O seu manto de sombra a dissipar ...

Hora em que a treva aos poucos se levanta,
Hora em que a terra docemente canta,
Hora da vida toda a despertar!


Anrique Paço D'Arcos

(Henrique Belford Correia da Silva)
Em Poesia completa


02/08/2025

A vida está nos olhos de quem sabe ver - Gabriel García Márquez





“É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós: onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração; Pois a vida está nos olhos de quem sabe ver.”


Gabriel García Márquez



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