04/07/2018

Não te Fies no tempo


Não te fies do tempo nem da eternidade
que as nuvens me puxam pelos vestidos,
que os ventos me arrastam contra o meu desejo.
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te vejo!

Não demores tão longe, em lugar tão secreto,
nácar de silêncio que o mar comprime,
ó lábio, limite do instante absoluto!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te escuto!

Aparece-me agora, que ainda reconheço
a anêmona aberta na tua face
e em redor dos muros o vento inimigo...
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te digo...


Cecília Meireles, in 'Retrato Natural'

4 comentários:

  1. É verdade, Cecília Meireles tem toda a razão.
    Não nos fiemos do tempo. Temos de dizer tudo
    o que há para dizer no instante em que sentirmos
    essa necessidade. Não somos senhores do tempo.
    Ele pode faltar-nos quando menos esperamos.

    Beijinhos

    Olinda

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  2. Gratíssima pela sua visita ao meu blogue e votos lá deixados, Maria!

    Já conhecia este excelente poema de Cecília Meireles. Amanhã, pode ser tarde. Façamos, então, hoje!

    Beijos e bfds.

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  3. Que lindo poema Maria.

    Beijos
    Ani

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