27/09/2025

O Lago - Júlia Cortines





Um pouco d’água só, e, ao fundo, areia ou lama.
Um pouco d’água em que, no entanto, se retrata
O pássaro que o voo aos ares arrebata,
E o rubro e infindo céu do crepúsculo em chama.

Água que se transmuta em reluzente prata,
Quando, do bosque em flor, que as brisas embalsama,
A lua, como uma áurea e finíssima trama,
Pelos ombros da Noite a sua luz desata.

Poeta, como esse lago adormecido e mudo,
Onde não há, sequer, um frêmito de vida,
Onde tudo é ilusório e passageiro é tudo,

Existem, sobre um fundo, ou de lama ou de areia,
Almas em que tu vês apenas refletida
A tua alma, onde o sonho astros de oiro semeia.


Júlia Cortines
de Vibrações – 1905




23/09/2025

A Flor do Sonho - Florbela Espanca





A Flor do Sonho, alvíssima, divina,
Miraculosamente abriu em mim,
Como se uma magnólia de cetim
Fosse florir num muro todo em ruína.

Pende em meu seio a haste branda e fina
E não posso entender como é que, enfim,
Essa tão rara flor abriu assim! ...
Milagre ... fantasia ... ou, talvez, sina ...

Ó Flor que em mim nasceste sem abrolhos,
Que tem que sejam tristes os meus olhos
Se eles são tristes pelo amor de ti?! ...

Desde que em mim nasceste em noite calma,
Voou ao longe a asa da minha’alma
E nunca, nunca mais eu me entendi ...


Florbela Espanca



20/09/2025

Tempo de Amor - Lupe Cotrim





A chuva de outono molha
o peso de minha altura
e tal rosa que desfolha
tenho pétalas na figura.

Por entre árvore e deserto
eu danço minha existência
de tudo longe e tão perto,
numa presença de ausência.

Irei por tudo que for;
Nessa posse do universo
carrego um tempo de amor
pelas tardes do meu verso.


Lupe Cotrim
in Encontro




13/09/2025

Cheiro de Outono - Herman Hesse




Mais uma vez é um verão que nos abandona,
agonizando num temporal atrasado:
tranquila a chuva rumoreja, enquanto um cheiro
amargo e tímido vem do bosque molhado.

Na relva pálida a liliácea se retesa
em meio a grande profusão de cogumelos;
tem-se a impressão de que se esconde e se retrai
o nosso vale, ontem ainda imenso e belo.

Retrai-se e cheira a timidez e a amargura
o mundo, com toda a claridade perdida:
prontos, olhamos o temporal atrasado,
pois acabou-se o sonho de verão da vida!


Hermann Hesse
In Andares  



06/09/2025

Sorria - Charlie Chaplin




Sorria, embora seu coração esteja doendo
Sorria, mesmo que ele esteja partido
Quando há nuvens no céu
Você sobreviverá...
Se você apenas sorri
Com seu medo e tristeza
Sorria e talvez amanhã
Você verá o sol brilhando, para você

Ilumine sua face com alegria
Esconda todo rastro de tristeza
Embora uma lágrima possa estar tão próxima
Este é o momento que você tem que continuar tentando
Sorria, do que adianta chorar?
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas sorrir

Este é o tempo que você tem que continuar tentando
Sorria, do que adianta chorar?
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena
Se você apenas Sorrir


Charlie Chaplin


"Smile" é a letra de uma canção baseada na música usada na trilha sonora do filme Tempos Modernos de Charlie Chaplin, de 1936 e cantada por Nat King Cole.



Letra Original

Smile, though your heart is aching
Smile, even though it's breaking
When there are clouds in the sky
You'll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You'll see the Sun come shining through, for you

Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying?
You'll find that life is still worthwhile
If you'll just smile

That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying?
You'll find that life is still worthwhile
If you'll just smile




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