18/05/2024

Pedido - Lila Ripoll





Não me falem de tristezas
que eu as conheço de cor.
Falem-me sim de alegrias,
que tem um gosto melhor.

De tristezas — o meu peito
gastou anos a chorar.
Tirei um curso de mágoas.
Ninguém me pode ensinar.


Lila Ripoll



07/05/2024

De Tudo um Pouco





Que você tenha, de tudo, um pouco.

Sensibilidade ...
Para não ficar indiferente diante das belezas da vida ...

Coragem ...
Para colocar a timidez de lado e poder realizar o que tem vontade.

Solidariedade ...
Para não ficar neutro diante do sofrimento da humanidade.

Bondade ...
Para não desviar os olhos de quem te pede ajuda.

Tranquilidade ...
Para quando chegar ao fim do dia, poder deitar e dormir o sono dos anjos.
~
Alegria ...
Para você distribuí-la, colocando um sorriso no rosto de alguém.

Humildade ...
Para você reconhecer aquilo que você não é.

Sinceridade ...
Para você ser verdadeiro, gostar de si mesmo, e viver melhor.

Felicidade ...
Para você descobri-la dentro de você e doá-la a quem precisar.

Amizade ...
Para você descobrir que, quem tem um amigo, tem um tesouro.

Esperança ...
Para fazer você acreditar na vida e se sentir uma eterna criança.

Sabedoria ...
Para entender que só o bem existe, o resto é ilusão.

Desejos ...
Para alimentar o seu corpo, dando prazer ao seu espírito.

Sonhos ...
Para poder, todos os dias, alimentar sua alma.

Amor ...
Para você ter alguém para amar e sentir-se amado.
Para você desejar tocar uma estrela, sorrir para a lua.
Sentir que a vida é bela, andando pela rua.
Para você descobrir que existe um sol dentro de você.
Para você se sentir feliz a cada amanhecer.
e saber que o amor é a razão maior para viver.
Mas, se você não tiver um amor,
que nunca deixe morrer em você, a procura.
O desejo de o encontrar.


Tenha de tudo um pouco e seja feliz!


Lisie Silva


04/05/2024

Poema de Manuel da Fonseca - Tejo que levas as águas





Tejo que levas as águas
Correndo de par em par
Lava a cidade de mágoas
Leva as mágoas para o mar

Lava-a de crimes espantos
De roubos fomes terror
Lava a cidade de quantos
Do ódio fingem amor

Lava bancos e empresas
Dos comedores de dinheiro
Que dos salários de tristeza
Arrecadam lucro inteiro

Lava palácios vivendas
Casebres bairros da lata
Leva negócios e rendas
Que a uns farta e a outros mata

Leva nas águas as grades
De aço e silêncio forjadas
Deixa soltar-se a verdade
Das bocas amordaçadas

Lava avenidas de vícios
Vielas de amores venais
Lava albergues e hospícios
Cadeias e hospitais

Afoga empenhos favores
Vãs glórias, ocas palmas
Leva o poder dos senhores
Que compram corpos e almas

Das camas de amor comprado
Desata abraços de lodo
Rostos corpos destroçados
Lava-os com sal e iodo

Tejo que levas as águas
Correndo de par em par
Lava a cidade de mágoas
Leva as mágoas para o mar.


Manuel da Fonseca,
Poemas para Adriano, 1972




01/05/2024

Poema de Andrea Paes - Tenho Saudades -




Tenho saudades
do tempo em que
o mundo era pequeno.

Era só ali.

E eu cabia nos ramos
das acácias

e não sabia do longe que existia.

Só do perto
que sentia.


Andrea Paes



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