24/11/2024

3 O Destino da Folha - Lausimar Laus





Irás... eu ficarei folha, sem dono,
Dispersa e então levada pelo vento,
Tu verás que ainda mesmo ao abandono
eu saberei calar o meu tormento.

E quando a folha morta, tão sem dono,
For levada daqui, num desalento,
Há de levar para velar-lhe o sono
A saudade de ti - único alento -

Hei de sonhar um turbilhão de versos...
E hei de juntar os que já estão dispersos
Como cinzas desfeitas sem calor...

E quando a primavera trouxer lírios,
Acenderei dois sonolentos círios.
E rezarei por ti, por nosso amor!


Lausimar Laus




17/11/2024

5 Auroras e Crepúsculos - Bernardina Vilar





Todo dia, na fimbria do horizonte
Surge a aurora num sonho embevecido;
Abre-se a flor que expande junto à fonte
Um perfume de amor apetecido.

Mas se o galho tristonho pende a fronte
Acobertando o ninho adormecido
No véu da noite, aconchegando o monte
Chega o crepúsculo em sombras envolvido.

Assim é a vida: flor desabrochada...
Imagem da esperança despertada
Da aurora à luz, de nívea claridade.

E como o berço onde adormece o dia,
No momento de paz da “Ave Maria”.
Esta vida é crepúsculo. É Saudade.


Bernardina Vilar




13/11/2024

3 Canção das Pedras - Ernani Rosas





Embrandecei pedras duras
À luz da Lua, no outono,
Quando tudo é só saudade
D'um coração ao abandono!...

Quando tudo é só doçura
E noite peninsular,
Quando ao longe, muito longe,
Choram guitarras ao mar.

E noites, onde marujos
Cantaram à luz do luar:
Saudosos da sua terra
Nas plagas além mar.

Embrandecei pedras duras!
Abri os olhos ceguinhos ...
Com que alegria as verei.
Estrelas, na noite escura!

A luz da lua no outono,
Quando alguém canta magoado
Cantigas de Amor passado
Alta noite... ao abandono!...


Ernani Rosas





Topo