Eis a casa - poema de Cecília Meireles
Eis a casa
menos que ar
imponderável,
no entanto é branca de
camélia
e tem perfume de cal
Com seus corredores
O alpendre
As janelas uma a uma
Vê-se o mar. As montanhas. O
trem passando
O gasómetro
Vêm-se as árvores por cima
com suas flores
A casa imponderável
Mas de cimento madeira
tijolos ferro vidro
A pintura prateada das
grades cheira a óleo a fruta a luz
A água a pingar cheira a
musgo,
soa metálica, trémula
insetos pássaros líquidos
pequenas estrelas
clarins muito longe
Peitoris gastos de braços
antigos
Sombras de borboletas
Eu sei quem comprou a terra
quem pensou nos desenhos
quem carregou as telhas
Passam legiões de formigas
pelos patamares
Eu sei de quem era a casa
quem morou na casa
quem morreu
Eu sei quem não pôde viver
na casa
É uma casa
com seus andares
suas escadas
seus corredores
varandas
aposentos
alvenaria
muros
imponderável.
Uma casa qualquer.
Cruz que se carrega.
Imponderavelmente, para
sempre, às costas.
Hi Maria.
ResponderEliminarBeautiful words at the beautiful house.
Nice picture you have made.
Groettie from Patricia.
Love your work here!
ResponderEliminarLindo poema de Cecília.
ResponderEliminarBjs
Oi Maria,
ResponderEliminarQuebrei dois dedos
Logo volto
Beijos
Lua Singular
La casa donde nace y terminan todas nuestras historias
ResponderEliminarasí la vida.