31/07/2019

Renúncia - Poema de Florbela Espanca



A minha mocidade há muito pus
No tranquilo convento da tristeza;
Lá passa dias, noites, sempre presa,
Olhos fechados, magras mãos em cruz...

Lá fora, a Noite, Satanás, seduz!
Desdobra-se em requintes de Beleza...
E como um beijo ardente a Natureza...
A minha cela é como um rio de luz...

Fecha os teus olhos bem! Não vejas nada!
Empalidece mais! E, resignada,
Prende os teus braços a uma cruz maior!

Gela ainda a mortalha que te encerra!
Enche a boca de cinzas e de terra
Ó minha mocidade toda em flor!


Florbela Espanca


6 comentários:

  1. Uma das minhas poetas preferidas, é dramática, mas o mundo é assim, para uns mais, outros menos.
    Um beijo, Maria, um ótimo fim de semana.

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  2. Acho já haver referido que a Florbela Espanca é a minha Musa e, também, fonte de inspiração. Bom haveres recordadoeste Poema.


    Beijo
    SOL

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  3. Grato pelo seu comentario no meu blog que tenta ser de poesia mas, como todos os bloguistas, aqui vamos escrevendo para libertar a alma, sentir os sonhos e sobretudo sermos felizes.

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  4. Un saludo desde Almería España

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  5. Rever e reler faz bem ao sentimento.


    Beijo
    SOL

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