27/09/2025

O Lago - Júlia Cortines





Um pouco d’água só, e, ao fundo, areia ou lama.
Um pouco d’água em que, no entanto, se retrata
O pássaro que o voo aos ares arrebata,
E o rubro e infindo céu do crepúsculo em chama.

Água que se transmuta em reluzente prata,
Quando, do bosque em flor, que as brisas embalsama,
A lua, como uma áurea e finíssima trama,
Pelos ombros da Noite a sua luz desata.

Poeta, como esse lago adormecido e mudo,
Onde não há, sequer, um frêmito de vida,
Onde tudo é ilusório e passageiro é tudo,

Existem, sobre um fundo, ou de lama ou de areia,
Almas em que tu vês apenas refletida
A tua alma, onde o sonho astros de oiro semeia.


Júlia Cortines
de Vibrações – 1905




5 comentários:

  1. Desde luego sus versos no están silenciosos María. Un precioso poema. Gracias por compartirlo. Un abrazo

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  2. Soneto de excelência. O sentimento do Poeta é notável.
    Parabéns, Maria e obrigado pela escolha e partilha.


    Beijo,
    SOL da Esteva

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  3. Querida Maria,

    Seu poema é um lago de luz,
    onde a noite se torna um tecido macio
    e a alma se reflete em sonhos.

    Com toda a minha admiração poética
    Que alegria ler você.

    Beijos
    Veronique

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  4. En lo aparentemente efímero se obtiene una bendición...Abrazos.

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