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24/01/2018

Canção Verde - Poema de Pedro Homem de Melo




A minha canção é verde
Sempre de verde a cantei!
De verde cantei ao povo
E fui de verde vestido
Cantar à mesa do Rei!

Porque foi verde o meu canto?
Porque foi verde?
                               -- Não sei...

Verde, verde, verde, verde,
Verde, verde, em vão cantei!
-- Lindo moço! disse o Povo.
-- Verde moço! disse El-rei.

Porque me chamaram verde?
Porque foi? Porquê?
                               -- Não sei...

Tive um amor -- Triste sina!
Amar é perder alguém...
Desde então ficou mais verde
Tudo em mim: a voz, o olhar,
Cada passo, cada beijo...
E o meu coração também!

Coração! porque és tão verde?
Porque és verde assim também?

Deu-me a vida, além do luto,
Amor à margem da lei...
Amigos são inimigos!
-- Paga-me!, gritaram todos.
Só eu de verde fiquei.

Porque fiquei eu de verde?
Porque foi isto?
                              -- Não sei...

A minha canção é verde
-- Canção à margem da lei...
Verde, ingénua, verde e moça,
Como a voz desta canção
Que, por meu mal vos cantei...

A minha canção é verde,
Verde, verde, verde, verde...
Mas... porque é verde?
                                -- Não sei...


Pedro Homem de Melo


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