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16/05/2023

Poente - Fernando Pessoa




A hora é de cinza e de fogo.
Eu morro-a dentro de mim.
Deixemos a crença em rogo,
Saibamos sentir-nos Fim.

Não me toques, fales,olhes...
Distrai-te de eu 'star aqui
Eu quero que tu desfolhes
A minha ideia de ti...

Quero despir-me de ter-te,
Quero morrer-me de amar-te.
Tua presença converte
Meu esquecer-te em odiar-te.

Quero estar só nesta hora...
Sem Tragédia...Frente a frente
Com a minha alma que chora
Sob o céu indiferente,

Basta estar, sem que haja ao lado
Exterior da minha alma
Meu saber-te ali, iriado
De ti, mancha nesta calma

Ânsia de me não possuir,
De me não ter mais que meu,
De me deixar esvair
Pela indiferença do céu.


Fernando Pessoa
In Poesia




6 comentários:

  1. Amo ler os poemas de Fernando Pessoa. Grata pela gentil partilha poética.
    *
    Terça feira com Saúde, Paz e Amor
    */*
    Ilusões e Poesia
    */*

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  2. Olá, querida amiga Maria!
    Um belo poema que, ilustrado cm a imagem, fica perfeito.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos

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  3. Querida Maria,
    Que linda poesia de Fernando Pessoa, esse grandioso poeta que escreveu tantos poemas maravilhosos! Parabéns por compartilhar algo tão lindo, nos inspiramos sempre nos grandes poetas.
    Um beijo!

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  4. Supõe-se um poema de 1913, "Poente" não consta da Obra Édita. Julgo que Isabel Pizarro apresentou este excerto ( o poema é mais longo) à Universidade do Minho num estudo que fez. É muito curioso que aqui o apresentes, pois é pouco conhecido! Tem a marca do Paulismo.
    Desculpa a deformação profissional - eu fujo sempre disso (ou quase) quando comento...
    Beijinho

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