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11/01/2023

Anoitecer - Florbela Espanca





A luz desmaia num fulgor d'aurora,
Diz-nos adeus religiosamente...
E eu, que não creio em nada, sou mais crente
Do que em menina, um dia, o fui... outrora...

Não sei o que em mim ri, o que em mim chora
Tenho bênçãos d'amor pra toda a gente!
Como eu sou pequenina e tão dolente
No amargo infinito desta hora!

Horas tristes que são o meu rosário...
Ó minha cruz de tão pesado lenho!
Meu áspero e intérmino Calvário!

E a esta hora tudo em mim revive:
Saudades de saudades que não tenho...
Sonhos que são os sonhos dos que eu tive...


Florbela Espanca
"Livro de Sóror Saudade"





4 comentários:

  1. Olá Maria!

    Linda e delicada poesia!
    Reflexos de uma alma que não envelhece.
    Tenha uma semana repleta de luz
    Abraços Loiva

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  2. Olá Maria.
    Gosto de Florbela Espanca, aliás já escrevi isso.
    Alguns textos eu me sinto tão ela.
    É como escrever a vida com as mãos de outra pessoa
    No caso ela.
    Boa noite pra você.
    Beijo!

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  3. As ilustrações são maravilhosas e o poema de Florbela foi muito bem escolhido.
    Mena

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