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17/09/2022

Aquilo que a gente lembra - Poema de Fernando Pessoa




Aquilo que a gente lembra
Sem o querer lembrar,
E inerte se desmembra
Como um fumo no ar,
É a música que a alma tem,
É o perfume que vem,
Vago, inútil, trazido
Por uma brisa de agrado,
Do fundo do que é esquecido,
Dos jardins do passado

Aquilo que a gente sonha
Sem saber de sonhar,
Aquela boca risonha
Que nunca nos quis beijar,
Aquela vaga ironia

Que uns olhos tiveram um dia
Para a nossa emoção —
Tudo isso nos dá o agrado,
Flores que flores são
Nos jardins do passado

Não sei o que fiz da vida,
Nem o quero saber
Se a tenho por perdida,
Sei eu o que é perder?
Mas tudo é música se há
Alma onde a alma está,
E há um vago, suave, sono,
Um sonho morno de agrado,
Quando regresso, dono,
Aos jardins do passado.


Fernando Pessoa
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6 comentários:

  1. Flores que son flores... Lo bello nunca dejará de ser valioso y que se renueva.
    Abrazo

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  2. SUBLIME, sem dúvida alguma
    .
    Cumprimentos … feliz fim de semana
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  3. Que bela escolha de poema!! :))
    -
    Palavras Soltas...

    Beijo, e um bom fim de semana!

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  4. Realmente, somos donos e senhores do passado, tentamos controlar o presente e projetar no futuro toda a esperança de uma vida melhor.
    Esse é o nosso combate e todo o sentido da vida.
    Abraço solidário.
    Juvenal Nunes

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  5. Olá Maria!

    Lindo poema de Fernando Pessoa!
    Sua imagem é magnifica
    Abraços Loiva

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  6. Olá Maria!
    Um poema interessante de Fernando Pessoa, sem dúvida era a sua forma de sentir e sua maneira de sonhar e fantasiar.
    Beijinhos e boa continuação de semana.
    Luísa Fernandes

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