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20/08/2022

Por tudo que fomos





Por tudo o que não conseguimos ser.
Por tudo que se perdeu.
Por termos nos perdido.
Pelo que queríamos que fosse e não foi.
Pela renúncia.
Por valores não dados.
Por erros cometidos.
Acertos não comemorados.
Palavras dissipadas.
Versos brancos.
Chorei pela guerra cotidiana.
Pelas tentativas de sobrevivência.
Pelos apelos de paz não atendidos.
Pelo amor derramado.
Pelo amor ofendido e aprisionado.
Pelo amor perdido.
Pelo respeito empoeirado em cima da estante.
Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa.
Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados.
Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa.
Por tudo que foi e voou.
E não volta mais, pois que hoje é já outro dia.
Chorei.
Apronto agora os meus pés na estrada.
Ponho-me a caminhar sob sol e vento.
Vou ali ser feliz e já volto.


Caio Fernando Abreu




6 comentários:

  1. Por tudo que foi e voou.
    E não volta mais, pois que hoje é já outro dia.
    Chorei.

    Querida amiga Maria, bom sábado de paz!
    Linda Poesia de Caio.
    Retrata a vida, muitas vezes assim..
    Tenha um final de semana abençoado!
    Beijinhos com carinho fraterno
    😘🕊️💙💐

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  2. Como é prazeroso ler versos do escritor! Uma escolha magnífica. Bjs.

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  3. Excelente decisão, essa do poeta.
    Chorar e deitar cá para fora o tormento.
    E seguir em frente.
    Beijinhos
    Olinda

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  4. Olá querida Maria!
    Um belíssimo poema, de Caio. Na verdade deviamos agradecer diariamente por tudo o que fizemos e simultaneamente repensar o que poderíamos ter melhorado. Gostei do poema amiga Maria. Obrigada pela gentil visita, já estava com saudades de todos vocês.
    Beijinhos
    Luísa Fernandes

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