Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo.
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre.
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente, porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só olhar
amando de uma só vida.
Mia Couto
in "Raízes de Orvalho e Outros Poemas"
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo.
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre.
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente, porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só olhar
amando de uma só vida.
Mia Couto
in "Raízes de Orvalho e Outros Poemas"
Mia Couto um poeta exemplar. Dos maiores que tenho tido o privilégio de ler
ResponderEliminarDomingo feliz
Lindo de mais. Obrigada pela escolha! :)
ResponderEliminar-
Sopros e sonhos, em contraluz. [Poetizando e Encantando: Segunda edição: Nr 01 ]
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Visitem o meu novo blogue de "desafios", sigam e linkem. Obrigada
A cor do amor... [Desafio do blogue - Com Amor]
Beijos. Boa Noite!
Muito bonito, mesmo, este poema do Mia. Agradeço a partilha.
ResponderEliminarBoa semana.
Um encanto de poema, parabéns pela linda partilha!
ResponderEliminarBeijos carinhosos!