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13/03/2018

Margens Inertes - Poema de Sophia de Mello Breyner





Margens inertes abrem os seus braços,
Um grande barco no silêncio parte.
Altas gaivotas nos ângulos a pique,
Recém-nascida a luz, perfeita a morte.

Um grande barco parte abandonando
As colunas dum cais ausente e branco.
E o seu rosto busca-se emergindo
Do corpo sem cabeça da cidade.

Um grande barco desligado parte
Esculpindo de frente o vento norte
Perfeito o azul do mar, perfeita a morte
Formas claras e nítidas de espanto.


Sophia de Mello Breyner Andresen in "Antologia"

1 comentário:

  1. Hello Maria,
    I am impressed by the beautiful photo in your psot.
    I can really look at it for a very long time and dream away in poetry
    Really very beautiful.

    A hug,
    Helma

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