Deixem-no lá, deixem-no
lá, o papagaio!
Deixem-no lá, bem preso à terra,
vibrando!
Aos arranques,
a fazer tremer a terra,
a querer voar
pelo ar
até pertinho do Céu…
Deixem-no lá, deixem-no lá, o papagaio!
Deixem-no lá viver a sua inquietação
e ser verdade aquela ânsia
de fugir.
Não lhe cortem o cordel!
Poupem o papagaio à dor enorme
de cair,
papel inútil, roto, pelo chão.
Não lhe ensinem,
ao pobre papagaio de papel,
que a sua inquietação
é a única força que ele tem.
Deixem-no lá,
naquela ânsia de fuga,
no sonho (a que uma navalha
pode dar o triste fim)
de fazer ninho no Céu:
Sempre anda longe da terra, assim,
o comprimento do cordel…
Deixem-no lá, deixem-no lá,
o papagaio de papel!...
Deixem-no lá, bem preso à terra,
vibrando!
Aos arranques,
a fazer tremer a terra,
a querer voar
pelo ar
até pertinho do Céu…
Deixem-no lá, deixem-no lá, o papagaio!
Deixem-no lá viver a sua inquietação
e ser verdade aquela ânsia
de fugir.
Não lhe cortem o cordel!
Poupem o papagaio à dor enorme
de cair,
papel inútil, roto, pelo chão.
Não lhe ensinem,
ao pobre papagaio de papel,
que a sua inquietação
é a única força que ele tem.
Deixem-no lá,
naquela ânsia de fuga,
no sonho (a que uma navalha
pode dar o triste fim)
de fazer ninho no Céu:
Sempre anda longe da terra, assim,
o comprimento do cordel…
Deixem-no lá, deixem-no lá,
o papagaio de papel!...
Sebastião Gama
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