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30/06/2024

Aos que estão na saudade - Walter Dimenstein





Rogo aos céus com convicção
Um pouco da santa luz
Aos que estão na escuridão
Harmonia aos tristonhos
Pra colorir os seus sonhos
Sorrisos abençoados
Aos lábios amargurados
Peço por fim com humildade
Misericórdia e piedade
Aos que estão na saudade.


Walter Dimenstein
Médico e poeta pernambucano


23/06/2024

E onde pousa não faz ninho - Walter Dimenstein





Por possuir só momentos
Fugazes como os ventos
A felicidade tão falada
Não foi bem interpretada
Pois a mesma é passageira
Uma ilusão feiticeira
Uma espera que desespera
Lembra um dócil passarinho
Que voa e pousa e de novo voa
E onde pousa não faz ninho.


Walter Dimenstein




17/06/2024

Viagem Infinita - Helena Kolody





Estou sempre em viagem.

O mundo é a paisagem
que me atinge de passagem


Helena Kolody,
in Viagem Submersa



13/06/2024

Quando se tem Confiança - Walter Dimenstein





A nossa orgulhosa lua
Usa luz que não é sua

A beleza feminina
Ilumina a masculina
Que apenas reflete a luz
Imitando a nossa lua
Pois o clarão que produz
É uma luz que não é sua
Mas se no porvir confias
Terás grandes alegrias
Como uma feliz criança
Quando se tem confiança.


Walter Dimenstein
Médico e poeta pernambucano



09/06/2024

Dá-me a tua Mão - Adalgisa Nery





Dá-me tua mão
E eu te levarei aos campos musicados pela
canção das colheitas.
Cheguemos antes que os pássaros nos disputem
os frutos,
Antes que os insetos se alimentem das folhas
entreabertas.

Dá-me tua mão
E eu te levarei a gozar a alegria do solo
agradecido,
Te darei por leito a terra amiga
E repousarei tua cabeça envelhecida
Na relva silenciosa dos campos.

Nada te perguntarei,
Apenas ouvirás o cantar das águas adolescentes
E as palavras do meu olhar sobre tua face muito
amada.


Adalgisa Nery
in As Fronteiras da Quarta Dimensão (1951)



02/06/2024

O Laço e o Abraço - Mário Quintana





Meu Deus! Como é engraçado!
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.

É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo,
no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando...
devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.

Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah! Então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.

Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora,
deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.

E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!


de Mário Quintana



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