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22/12/2021

Voto de Natal - Poema de David Mourão-Ferreira





Acenda-se de novo o Presépio no Mundo!
Acenda-se Jesus nos olhos dos meninos!
Como quem na corrida entrega o testemunho,
passo agora o Natal para as mãos dos meus filhos.

E a corrida que siga, o facho não se apague!
Eu aperto no peito uma rosa de cinza.
Dai-me o brando calor da vossa ingenuidade,
para sentir no peito a rosa reflorida!

Filhos, as vossas mãos! E a solidão estremece,
como a casca do ovo ao latejar-lhe vida...
Mas a noite infinita enfrenta a vida breve:
dentro de mim não sei qual é que se eterniza.

Extinga-se o rumor, dissipem-se os fantasmas!
O calor destas mãos nos meus dedos tão frios?
Acende-se de novo o Presépio nas almas.
Acende-se Jesus nos olhos dos meus filhos.


David Mourão-Ferreira, in 'Cancioneiro de Natal'





18/12/2021

O Natal está a chegar - João Luís Mendonça





O Natal está a chegar
Embrulhado em ternura
Quer na serra, quer no mar
Há vontades de cantar
Em tradição e candura!

É quase real a ilusão
E o desejo de abraços
Fala-se com o coração
Os sorrisos têm laços
E os temperos emoção!

Porque o Natal está aí
Bem antigo e tão novo
Se desde sempre o senti
Há coisas que descobri
Nas tradições que renovo!

Nas luzes em explosão
Doçarias e licores
Há magia e há amores
Bordados no coração
E na beleza das flores!

E há um desejo tamanho
De uma Paz duradoura
Para o Futuro ser ganho
Como foi na manjedoura
Em renovação redentora!

Numa canja em aconchego
Temperada com Amor
Há uma estrela maior
A cuja fé me entrego
Renovado e com vigor!


João Luís Mendonça




11/12/2021

Pausa - Mário Quintana





Oh! todo o sossego e lucidez das madrugadas,
quando o último grilo já parou seu canto e ainda
não se ouviu o canto do primeiro pássaro…


Mário Quintana
Caderno H




04/12/2021

Fim de Outono - Poema de Fernanda Teles de Castro






Fim de outono... Folhas mortas...
Sol doente... Nostalgia...

Tudo seco pelas hortas,
Grandes lágrimas no chão
Nem uma flor pelos montes,
Tudo numa quietação
Soluça numa oração
O triste cantar das fontes.

Fim de outono... Folhas mortas...
Sol doente... Nostalgia...

A terra fechou as portas
Aos beijos do sol ardente,
E agora está na agonia...
Valha à terra agonizante
A Santa Virgem Maria!

Fim de Outono... Folhas mortas...
Sol doente... Nostalgia...


Fernanda de Castro



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